DETETIVE #1
O coração de Dinah batia forte, sua respiração era intensa e seu jaleco de cientista nunca tinha parecido tão pesado quanto naquele momento, por mais que ela soubesse o que fazer, era impossível controlar a emoção, com aquele homem parado na sua frente, apontando uma arma para a cabeça de seu único filho, enquanto ela segurava uma arma em direção a eles, poucos metros a sua frente.
– Você já sabe o que eu quero, eu vou atirar na cabeça do garoto! – berrava ele.
– Passei anos da minha vida, desenvolvendo um chip, capaz de simular uma vida inteira, numa fração de segundos, Dinah tentava raciocinar enquanto falava, seu tom tinha que ser calmo e convicto, sem deixar traços de medo aparecerem, ela sabia como negociar com as pessoas – Esse chip está instalado na cabeça dessa criança, que está em suas mãos.
– É meu ultimo aviso, independente de qualquer coisa, a criança vai morrer, hoje, sem nunca saber o que é crescer.
– Não faz diferença, o chip simula uma vida, com a passagem normal do tempo, em um mundo perfeito, onde ele será feliz, irá crescer, ter uma família e só então morrer, se você puxar esse gatilho, estará criando um futuro perfeito, dentro da cabeça dele.
– Então eu vou matar você – disse o homem, apontando a arma agora para a cientista, mas ainda mantendo o garoto preso pelo pescoço, com um de seus braços.
– Eu também tenho um chip desses – disse a doutora.
– Instale um desses em mim!
BOOOM
O cheiro de pólvora no ar infestou a doutora, que tremia a mão, segurando a arma ainda quente do disparo. A criança veio correndo e de um pulo abraçou Dinah – Mamãe, obrigado, estava com muito medo.
Ela abraçou o filho, feliz como nunca, quando um pensamento estranho passou em sua cabeça – Ele estava tão perto do ladrão e não tem nenhuma gota de sangue na roupa, ela nem ao menos está amassada.
– Filho, você está bem? – disse, já com os olhos cheios d’água.
– Estou sim mamãe, eu estou bem, você está bem, todo mundo está, esse mundo é perfeito!
Bem, veja que a criança corria em direção à Dinah sem nenhuma mancha de sangue. Uma mãe sempre quer proteger o seu filho, sem que nenhum trauma seja provocado à criança. Imagina a experiência para uma criança de ver sua mãe matando uma outra pessoa, e além disso ficar ensopado de sangue.
Como pesquisadora Dinah devia saber disso, e, como mãe, em seu futuro perfeito o seu filho cresceria sem nenhum trauma.
Portanto, quem morreu foi Dinah, com um tiro na cabeça, uma vez, que tão rapidamente pode contemplar o seu futuro perfeito!